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Não é só ‘mofo’: desmistificando narrativas pessimistas acerca da micologia

  • Foto do escritor: Comunica Uerj
    Comunica Uerj
  • 26 de ago.
  • 3 min de leitura

Atualizado: 27 de ago.

Liga Acadêmica do Instituto de Biologia da Uerj promove educação ambiental e representa caminhos para desmistificar a má fama dos fungos


Por: Daniela Fernandez



A micologia é o ramo científico que comporta estudos relacionados aos fungos. Desde diversas espécies de cogumelos, bolores — o famoso mofo — até as leveduras, tais seres vivos compõem um espaço muito significativo no meio ambiente. Mas, para a infelicidade de muitos micologistas e entusiastas da natureza, esses componentes ecológicos tão importantes para o ciclo de renovação ambiental da Terra são comumente reduzidos a meros agentes infecciosos ou à ideia de que servem somente para prejudicar os tetos e as paredes das nossas casas.



Reprodução: Paula Martins/BioCenas

Cogumelos vistos na vila Dois Rios, em Ilha Grande, Rio de Janeiro. Fotografia pertencente ao acervo do Núcleo de Fotografia Científica Ambiental da Uerj (BioCenas).
Cogumelos vistos na vila Dois Rios, em Ilha Grande, Rio de Janeiro. Fotografia pertencente ao acervo do Núcleo de Fotografia Científica Ambiental da Uerj (BioCenas).


Contudo, apesar da expressiva estigmatização que circunda o mundo dos fungos, um espírito quase revolucionário pulsa no coração de muitos estudantes do curso de Ciências Biológicas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Essa juventude representa projeções esperançosas para o devido reconhecimento do cenário do estudo micológico no Rio de Janeiro. A questão em jogo não é anular completamente os perigos do fungo, mas conscientizar as pessoas a não reduzirem a imagem desses pequenos seres a só mais uma parede velha, esquecida e mofada ou àquele pedaço de pão de coloração esverdeada desprezado no café da manhã. Em 2024, foi criada a pedido dos próprios alunos de biologia, a Liga Estudantil de Micologia da Uerj, um projeto de extensão e divulgação científica do fungiverso, como os membros da liga acadêmica carinhosamente chamam o reino Fungi.


Neste mês de agosto, a LEMics pretende contar com a participação de ainda mais alunos em seu projeto, visto que as inscrições para o processo seletivo da Liga estarão abertas até quinta-feira, dia 28. Atualmente, a professora Paula Helena Kubitschek, do Instituto de Biologia Roberto Alcântara Gomes (Ibrag), orienta os estudantes do LEMics ao longo dessa jornada micológica. Paula enfatiza as maravilhas sustentáveis que os fungos podem fornecer: “São diversas possibilidades que colaboram para a sustentabilidade. Os fungos são importantes para o desenvolvimento de vários biomateriais, até o couro pode ser feito a partir do fungo.” O tal couro fúngico citado por Paula já foi até questão de vestibular da própria Uerj, em 2019: o exame abordou o couro biodegradável Muskin, desenvolvido por uma empresa italiana.


Como parte do projeto de propagação de conhecimento acerca do reino Fungi, os integrantes da LEMics elaboram colônias de férias, destinadas ao público infantojuvenil, em parques, bosques e praças públicas do Rio de Janeiro. Os encontros recebem apoio da Secretaria de Meio Ambiente e Clima estadual. A Liga já esteve presente em sete bairros da cidade, como Honório Gurgel, Recreio dos Bandeirantes e Botafogo, de modo que adolescentes e crianças de diferentes regiões da cidade fossem contemplados no projeto socioeducativo. Nas colônias, o universo fúngico é destrinchado para o público de maneiras lúdica e visualmente estimulante.



Reprodução: acervo da equipe LEMics

Encontro, na temporada de colônia de férias, organizado pela Liga Estudantil de Micologia no Parque Natural Municipal Chico Mendes, no Recreio
Encontro, na temporada de colônia de férias, organizado pela Liga Estudantil de Micologia no Parque Natural Municipal Chico Mendes, no Recreio

Flora Serra, graduanda de Ciências Biológicas na Uerj e participante do LEMics, relatou a relevância das colônias e dos estudos produzidos pela Liga: “Acredito que, participando do LEMics, eu realmente esteja fazendo diferença no cenário da divulgação científica micológica. Principalmente com as colônias de férias, nas quais a educação ambiental é um objetivo nosso.”

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