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  • Foto do escritorComunica Uerj

‘Trovoada’ livro conta de forma poética as vivências de uma mulher negra e da Baixada

Atualizado: 20 de jun.

Priscila de Jesus, a Oprah da Baixada, aluna de pedagogia da Uerj, lança seu primeiro livro pela editora Voante


Por Leticia Santana            Redator Everton Victor 



         Capa do livro


Priscila de Jesus, ou, como ficou conhecida, Oprah da Baixada, é estudante de pedagogia na Uerj, escritora, entre muitas outras coisas que não podem ser resumidas somente a esses títulos. Com seu primeiro livro, Trovoada, a autora estreia na Editora Voante, da também escritora Manuela Dias.


No livro, Priscila explora as possibilidades de uma mulher na sociedade brasileira, a complexidade da negritude, relacionamentos e a percepção de território na sua formação. Mas também ressalta que não se trata somente das mazelas da vida em sociedade, explorando toda uma complexidade de nuances que passa a entender ao longo da vida. A autora emocionada refletiu sobre os valores herdados pela mãe, que a ensinou a enfrentar o mundo e romper as barreiras. “Eu sempre fui muito questionadora, eu sou filha de uma mulher questionadora, baiana, camelô, diarista e que questionou o mundo.”


A obra trata, através de poesia, diversos temas a partir de uma perspectiva pessoal que descortina uma experiência coletiva para quem lê, fazendo com que o leitor se perceba em algumas das situações, senão pela cor da pele, ser mulher ou até mesmo na territorialidade. “Esse deslocamento entre território, racialidade e gênero, vai me ensinando e mostrando essas barricadas que a gente vai encontrando. O livro é uma junção de tudo isso, é a minha vivência, que é uma coisa tão particular mas acaba sendo coletiva infelizmente”, explica a autora.


O apelido Oprah da Baixada surgiu quando Priscila começou a reconstruir a sua marca pessoal na internet. "A inspiração veio de duas duas histórias: uma da cantora Ludmilla (que também é da baixada fluminense) e antes usava o nome de MC Beyoncé e a outra da trajetória da Oprah Winfrey por sua atuação como comunicadora com temas relevantes no que diz respeito à autoestima e educação de meninas e mulheres" contou a escritora. Priscila lembra que recentemente ela recordou que um amigo (o advogado Joel Luiz) havia enviado um cartão uma vez e na dedicatória estava escrito "a nossa Oprah" e aí tudo fez total sentido. Priscila gosta desse nome porque une duas coisas que ela a considera como marcas pessoais: o amor pela comunicação e pelo seu território.


A escritora relembra um momento difícil para sua família, mas que ao mesmo sintetiza a força do matriarcado em sua vida. “Eu lembro que ela me contava que, quando eu nasci, teve uma enchente e eles foram se abrigar num Ciep e minha avó que já tinha uma idade avançada descobriu que estavam furtando carne pelos fundos da escola, e ficou irritadíssima porque estava comendo ovo todo dia. E em casa a gente não comia ovo todo dia, como assim com doações iríamos comer ovo? Minha mãe ficou de tocaia de madrugada atrás da escola, chamou a Band na época e pegou a galera no flagra”, completou.


Foto: Thainara Laureano

Priscila de Jesus, autora do livro ‘Trovoada’  


De acordo com a autora, a leitura e a educação para além de transformadora, mantinha um elo conectando ela e a sua mãe, que foi uma das grandes inspirações para que ela criasse gosto pela leitura. “De alguma maneira a educação foi o meu elo para me sentir próxima da minha mãe na ausência dela, mesmo que ela não tenha colocado isso diretamente, ela dizia: “Olha você tem que conhecer o mundo antes de casar. Então, isso tudo tava anexado de uma forma a ler, a conhecer o mundo.”


Um dos temas mais evidenciados no livro é a territorialidade para a mulher negra. Através dos poemas presentes no livro ela aprofunda mais esse tema: “Mudar de território, fazer uma transição de carreira quando você é uma mina preta e favelada parece que é fascinante e deslumbrante, mas tem muitas outras camadas que a gente precisa enfrentar, a camada da saudade, a camada do medo, porque você tá sozinha num novo território, então você se sente deslocada.”


Priscila de Jesus, também, revelou seus desejos para o futuro, entre eles ter seu próprio programa de televisão, além de se tornar uma comunicadora para promover pautas importantes. Mas seu maior desejo é “estar viva, porque eu já estava morta vivendo, então quero estar viva socialmente, viva por inteiro, é isso que eu espero que as pessoas que leiam a Trovoada, se sintam vivas porque os planos de homofobia, de racismo de desigualdade foram feitos para que a gente morra e meu plano é ficar viva e bem viva.” O livro Trovoada está disponível para venda no site da editora.


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