NEHMI, único projeto de extensão sobre Moda da Uerj, se apresenta em evento
- Comunica Uerj
- 4 de abr.
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Presença singular e recente na 33ª Uerj Sem Muros denuncia lacuna acadêmica na área
Por: Carolina Coutinho
Fotos por: Carolina Coutinho / COMUNICA UERJ

O Núcleo de Estudos de História da Moda e Indumentária (NEHMI) é o único projeto de extensão que pesquisa Moda e Indumentária na universidade e participou da 33ª Uerj Sem Muros, nessa última quinta-feira (27), no Campus Maracanã. A apresentação do NEHMI na 26⁰ Semana de Extensão – que recebeu 940 inscrições de trabalhos acadêmicos – se deu no 3⁰ andar do bloco F, durante a manhã. Essa foi somente a segunda participação do núcleo, que foi oficialmente lançado em 2022, tendo sido a primeira em formato de vídeo, na última edição do evento, que ocorreu em 2023.
O fato de o projeto ser o único com esse objeto de estudo na universidade e ter sido criado há apenas 2 anos denuncia a lacuna existente na produção acadêmica sobre a área da Moda. Sobre isso, Camila Borges da Silva, professora-doutora do Programa de Pós-Graduação em História da Uerj (PPGH-Uerj), fundadora e coordenadora do NEHMI, diz: “Há um desconhecimento da sociedade, e até da própria academia, sobre a importância desse estudo. Não há nenhum curso de moda nas universidades públicas do Rio de Janeiro. Existem algumas poucas em outros estados, mas, no sistema público, ela se encontra em um limbo, sendo muitas vezes inserida em outros cursos, como Artes, no caso da UFJF (Universidade Federal de Juiz de Fora).” A professora é também graduada em Moda pela Ucam (Universidade Cândido Mendes).
É comum que cursos de Moda sejam encontrados de forma concentrada nas universidades privadas, mas pouco presentes no sistema público. “Isso é uma pena, porque nós também somos capazes de inovação e reflexão dentro do sistema público”, defende Camila. Pensando no incentivo aos estudos na área, no sistema público, a coordenadora destacou a Uerj Sem Muros como um espaço de troca e divulgação científica, e comentou sobre a importância social dos projetos de extensão na universidade pública: “O projeto de extensão é fundamental para que a sociedade possa entrar no espaço acadêmico e ver o que é desenvolvido, e assim poder reconhecer a importância da universidade pública.”
A bolsista do NEHMI Ana Maia de Souza, estudante do 8⁰ período de Ciências Sociais da Uerj e estagiária do núcleo há dois anos, defendeu que por ser o único projeto de extensão da universidade na área da moda, que ele apresenta à academia uma possibilidade de um novo campo de pesquisa a ser explorado. Segundo ela, a gama de estudos possíveis que permeiam o setor é ampla, apesar de esse universo ainda ser pouco debatido dentro da universidade.

Atualmente o NEHMI conta com 5 integrantes, sendo apenas um deles bolsista. O projeto se destaca pela sua interdisciplinaridade, contando com pesquisadores de diversas áreas do conhecimento como: Educação, Cinema, História, Artes, Museologia, Letras e Ciências Sociais. As áreas de pesquisa do projeto são três: a moda na construção do mundo social, a indumentária no mundo das artes, e a indumentária a partir de uma perspectiva decolonial. Além disso, participam do projeto pesquisadores de outras instituições que não a Uerj, como a UFJF.
A estagiária Ana Maia é exemplo dessa interdisciplinaridade e relata que, aos 24 anos, além da graduação em Ciências Sociais, já possui formação em Moda pela Faetec, e que, atualmente, também está cursando Marketing na Universidade Veiga de Almeida (UVA): “Todos esses campos do conhecimento me ajudam a ter uma perspectiva multidisciplinar nas atividades propostas pelo núcleo”, diz.
Ana Maia também defendeu a importância dos estudos de História da Moda e afirmou que o objetivo principal do NEHMI é expandir o conhecimento dentro da academia sobre o estudo da área e demonstrar a multiplicidade de temas que podem ser explorados a partir das vestimentas: “Trata-se de compreender as relações sociais, políticas, econômicas e culturais que se refletem nas vestimentas, pois a moda é um meio para expressão de status e identidade, e suas mudanças refletem as dinâmicas sociais de um determinado período e local.” Ainda sobre a relevância desses estudos, a coordenadora Camila deu como exemplo os desafios enfrentados pelo próprio Jornalismo de Moda, que anda enfraquecido no país: “Acho que os estudos da História da Moda ajudam a trazer para o jornalista uma dimensão maior e uma expansão dos temas possíveis para as reportagens”, diz.
A coordenadora do NEHMI também apontou o caráter digital do núcleo, e afirmou que ele está crescendo rapidamente, tendo em vista o aumento do alcance registrado pelo projeto nas plataformas digitais, como Instagram e Youtube. O projeto, além da produção de conteúdo e divulgação científica nas redes sociais, realiza leituras coletivas com alunos e produções de eventos. Sobre o último evento “III Seminário Moda, Imagem e Poder”, a responsável comemora: “No ano passado, tivemos mais de 1.000 pessoas visualizando o evento, e não conseguiríamos esse público se fosse realizado de forma presencial.”
A bolsista também comemorou o crescimento do núcleo na universidade, afirmando que a maior contribuição do projeto é justamente a democratização de conhecimentos da área, por meio das redes e dos eventos.
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