Elevador Fashion: moda é uma expressão de arte?

Alunos de Artes Visuais comentam como moda, identidade e estereótipos se manifestam no curso

Por Mariana Guimarães

Fotos: Mariana Guimarães

Nesta semana, o Elevador Fashion fez uma parada no 11º andar do bloco E, no Instituto de Artes da Uerj, com o seguinte questionamento: a moda pode ser considerada uma forma de arte? 

Amanda Cordeiro, Juno Zebulum, Lucas Chetta e Nina Imamoto, todos estudantes do 5º período de Artes Visuais (Licenciatura), disseram que sim e aproveitaram para discutir os estilos e dinâmicas que fazem parte do cotidiano do curso. “Acho que sim. Todo dia de manhã quando estou saindo para a faculdade, penso como eu quero que as pessoas me vejam. Acho que é uma forma de me expressar”, afirmou Nina.  

Amanda admitiu que, apesar da preguiça matinal na hora de escolher o que vestir, enxerga a moda como uma forma legítima de expressão artística, especialmente dentro de seu curso. Ela contou que muitos colegas costumam ir às aulas com roupas elaboradas e estilos marcantes, chegando a se perguntar o que vestem para sair aos finais de semana, já que para a faculdade adotam produções chamativas. 

Já Juno destacou a expressão da identidade pessoal de cada um, influenciada pela visão estética, contexto social, geográfico e político. 

Quanto ao estereótipo, os estudantes identificam dois perfis principais: de um lado, o estilo alternativo — entendido como aquele que foge dos padrões convencionais; de outro, os que preferem roupas mais discretas, com peças básicas como calças jeans, bermudas e blusas lisas. 

Juno comentou sobre como a conexão com a arte aproxima os estudantes de moda: “A partir do momento em que você está em um curso de artes, faz sentido que as pessoas tenham alguma relação com a moda, experimentem estilos diferentes e se expressem de forma mais artística. Elas geralmente não seguem tendências e não se prendem a rótulos.”

Ainda sobre a estética adotada por alguns estudantes, Chetta chamou atenção para como o julgamento sobre a estética pode variar de acordo com o contexto. Segundo ele, um estudante brasileiro de Artes Visuais, que cursa a Universidade Rural e usa roupas customizadas, muitas vezes é visto como esquisito. Já um aluno americano, de uma universidade prestigiada, com um estilo semelhante é frequentemente interpretado como estiloso e inovador.

Quanto à moda durante a formação acadêmica, os quatro estudantes destacam o espaço que ela ocupa principalmente por meio da lógica do “faça você mesmo”. Chetta contou que, ao entrar no curso, sentiu o desejo de ser ele mesmo, viver a arte e incorporá-la ao modo de se vestir — o que o levou a criar peças autorais. Já em relação à grade curricular, apontaram a ausência de discussões mais profundas sobre moda, cultura contemporânea e outras formas de expressão além dos museus e das artes clássicas, o que, segundo eles, revela um certo academicismo na abordagem teórica do curso: “Quando falam sobre pichação, por exemplo, não é para discutir a prática em si, mas para analisar como as instituições lidam com ela ou o que determinado teórico formalizado pensa a respeito”, disse Juno. 

Eles finalizaram comentando a chamada “moda pedagógica” — um estilo que acabam adotando por já estarem estagiando ou dando aulas, o que influencia diretamente na forma como se vestem no dia a dia. Calças pantalonas, leggings, camisetas estampadas, calças pantacourts, sandálias e tênis estão entre as peças mais usadas pelos estudantes durante os estágios, quando assumem a função de dar aula.

Da esquerda para direita: Lucas Chetta, Ana Elizabeth, Gislane Machado e Amanda Cordeiro posam com seus looks diários para frequentar as aulas.

No andar de Artes Visuais, ficou claro que a moda faz parte da rotina e da formação dos estudantes, ainda que de formas diferentes. E aí, qual será o próximo curso a receber a visita do nosso elevador?