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  • Foto do escritorEduardo Souza

‘Darcy, o Brasil deu no que deu!'

Atualizado: 20 de nov. de 2022

Debatedores discutiram as contribuições de Darcy Ribeiro para o país


Antropólogo, sociólogo, criador de universidades, vice-governador do Rio de Janeiro e ministro de Estado, Darcy Ribeiro é uma das figuras mais notórias quando falamos de educação e pauta indígena. Em comemoração ao centenário de Darcy, o Laboratório de Comunicação, Cidade e Consumo (Lacon) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) organizou o evento on-line “Darcy, o Brasil deu no que deu!”.


Fonte: Wikipédia

Na primeira mesa de debates, a jornalista Eliane Brum destacou o espírito combativo de Darcy e a resistência coletiva dos povos da floresta frente às dificuldades. A jornalista também apresentou o Sumaúma: jornalismo do centro do mundo, plataforma de jornalismo trilíngue (português, inglês e espanhol) com foco na questão ambiental. Ela também ressaltou a crise ambiental pela qual o Brasil passa e a necessidade de se discutir uma democracia para os não humanos, isto é, florestas e animais.


O ciclo de debates contou com duas mesas. Na primeira, mediada por Raquel Paiva e intitulada “Darcy Ribeiro e Amazônia: Qual o papel da comunicação hoje?”, além de Eliane, participaram o professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Muniz Sodré e o líder indígena e escritor Ailton Krenak.


Muniz Sodré abordou a posição do antropólogo sobre a raça e o racismo. Sodré afirmou que Darcy via o povo brasileiro como uma etnia racial e acreditava em um Estado uniétnico, defendendo uma uniformidade entre as diversas etnias brasileiras. Já Krenak exaltou a coragem intelectual e moral de Darcy, que viveu boa parte de sua vida no exílio sonhando com a criação de uma pluralidade étnica no Brasil, englobando brancos, negros e índios em uma espécie de “Roma Morena”.


O líder indígena também alertou a audiência para a atuação dos fascistas e milicianos que procuram enterrar o legado do antropólogo, que defendia um país autônomo e soberano.

A segunda mesa de debates, intitulada “Darcy Ribeiro: o intelectual brasileiro” e mediada por Ricardo Freitas, vice-diretor da Faculdade de Comunicação Social da Uerj, foi aberta por Dênis de Moraes, jornalista e professor aposentado da Universidade Federal Fluminense (UFF). Moraes recapitulou a trajetória intelectual do antropólogo, analisando o período histórico no qual ele atuou. Durante a ditadura militar brasileira (1964-1985), o sociólogo se exilou em diversos países da América Latina, como Uruguai e Chile, contribuindo por onde passou, segundo Moraes, com sua “capacidade inventiva e indomável”, afirmando que ele foi “uma das vozes mais incisivas contra a dominação imperialista na América Latina e no Terceiro Mundo”.


Alexandre Barbalho, professor de história da Universidade Estadual do Ceará (UECE), enfatizou a atuação de Darcy nos campos cultural e educacional. No primeiro setor, destacou a criação do Museu do Índio e do Sambódromo, o tombamento de trechos da cidade do Rio de Janeiro e a preservação de imóveis, praias e lagos como patrimônio.


Na área educacional, Barbalho mencionou a criação e a implementação dos Centros Integrados de Ensino Público, os Cieps. A ideia era que o espaço do Ciep fosse utilizado por toda a comunidade e não somente por alunos e agentes educacionais.


Fechando a mesa, Hugo Suppo, professor do curso de Relações Internacionais da Uerj, analisou o texto “O papel reservado ao intelectual e à ciência nos países pobres”, no qual Darcy afirmou que o papel do intelectual é auxiliar na revolução necessária e que a ciência permitiria à humanidade evoluir do ponto de vista material, produzindo mais riquezas. Suppo elogiou a valorização do negro e do índio empreendida pelo sociólogo.


No final do evento, os mediadores convidaram os debatedores a definir qual a maior contribuição do antropólogo para a comunicação. Dênis de Moraes destacou que Ribeiro enfrentou o silenciamento da mídia sobre sua trajetória e sobre os cargos que exerceu. Alexandre Barbalho enfatizou a importância dada pelo antropólogo à televisão, encarada como o principal instrumento cultural do país. Por fim, Hugo Suppo externou sua preocupação sobre a questão das emoções nas redes sociais e o impacto das fake news para a democracia.


A íntegra do evento em:



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